Sábado de julho, especificamente dia 23, e frio, só a luz do abajur da cama, o silêncio na casa e eu aqui de baixo do cobertor com o lençol térmico ligado. Os ponteiros do relógio passam e as horas não importam.
Alguns dias amanhecem às dezessete horas, dias em que eu não abro a janela. O cansaço mental é grande e entre 64 pensamentos e outros, tudo parece estar longe do alcance das mãos e dos pés. Tento me justificar com o coração dizendo que a gente se apega nos animais. A vida tem esses dias escuros. Dias em que nada faz sentido, muito menos a vida. Dias em que o café é amargo, mesmo acrescentando o pote inteiro de açúcar. Dias em que o sol não existe. Dias em que todas as portas da vida estão trancadas. Dias difíceis. Sorte que todo dia é véspera. Dias em que nada basta, só ser.